“Não se trata apenas de ser mulher para ocupar cargos de liderança. É ser mulher e representar algo significativo”, define a vice-governadora Celina Leão. Ela participou do evento VC+Determinada, um bate-papo promovido pela Casa Militar com as principais lideranças femininas do GDF. O evento foi transmitido ao vivo nesta sexta-feira (22) através do canal do YouTube da Agência Brasília.
Junto com Celina, estiveram presentes as comandantes da Polícia Militar do DF, coronel Ana Paula Habka, e do Corpo de Bombeiros, coronel Mônica Miranda. O programa foi apresentado pela tenente-coronel Conceição Muniz. Em suas trajetórias, todas compartilharam histórias de grande determinação para superar barreiras históricas e garantir a presença da mulher em cargos de liderança.
“Estar na política é um desafio para as mulheres. É um ambiente muitas vezes fechado e machista. Se não tiver uma estrutura emocional sólida, é muito difícil. As mulheres não são convidadas a participar nem acolhidas como deveriam ser”, avalia a vice-governadora.
Por isso, ela destaca que sua atuação foi crucial para derrubar muitas dessas barreiras. “Consegui algo muito importante, que é ser vista com igualdade. Isso me levou a ocupar cargos de destaque: fui presidente da Câmara Legislativa do DF e da bancada feminina na Câmara dos Deputados. A presença da mulher melhora a qualidade da política”, afirma.
Celina atribui sua inspiração à mãe, Maria Célia Leão, que foi uma grande militante pela causa feminina e abriu caminho para inúmeras outras mulheres. Ela foi a primeira mulher a se divorciar no estado de Goiás, quando o divórcio ainda não era permitido, e sempre lutou pelos direitos das mulheres. Celina a acompanhava de perto desde criança.
“Enfrentei os mesmos desafios de qualquer comandante”, diz a coronel Ana Paula, que está na corporação desde 1994. Ela lembra que, no início, as mulheres ingressaram na corporação com o propósito de “humanizar”. Na época em que Ana Paula entrou na PMDF, as mulheres não podiam ocupar os cargos mais altos da corporação. O posto mais alto que podiam alcançar era o de capitã.
“Quando fiz o curso especializado, era a única mulher, e meu comandante na época me disse para comprar velas e rezar.”
“Eu fiz isso, mas também comecei a frequentar a academia para me preparar. Chegava mais cedo para correr. Acredito que, onde a mulher entra, ela faz bem feito e se compromete”, avalia.
Ela destaca que não vê competição com os homens, mas sim apoio mútuo: “é necessário em uma equipe composta por homens e mulheres”.
“Meus desafios são os mesmos de qualquer outro comandante. Mas percebo que as mulheres se cobram mais para alcançar o sucesso. No entanto, estou aqui para liderar 100%. Quero cuidar dos 10.150 policiais militares, incluindo os veteranos”, reforça.
A coronel Mônica, comandante do Corpo de Bombeiros, observa que as mulheres sempre tiveram que lutar por condições que permitissem seu serviço, como ter banheiros, alojamentos e equipamentos adequados ao corpo feminino.
Quando ingressou na corporação, sequer havia previsão para que as poucas mulheres pudessem acompanhar os filhos ao médico. Por isso, ela considera uma vitória ter implementado a Ouvidoria da Mulher, o Conselho das Mulheres na Segurança e a aprovação do regulamento de maternidade da corporação.
Ela subiu de estagiária ao mais alto cargo e, junto com outras cinco mulheres de sua turma, enfrentou todos os obstáculos que lhes diziam que não conseguiriam superar.
“Foram muitos ‘nãos, o seu lugar não é aqui’, mas nós conseguimos. E hoje, temos não apenas uma comandante. Graças a você, temos comandantes e uma segunda-comandante”, disse ela, referindo-se ao trabalho realizado por Celina Leão. “Sou grata não porque é uma questão de gênero, mas porque nos deu o devido respeito”, conclui.
- Com informações da Agência Brasília