Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, foi denunciado, na manhã de ontem, por feminicídio pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A tipificação do crime contra a mulher neste caso é uma das cinco qualificadoras do crime de homicídio pela morte da advogada Letícia Sousa Curado Melo, 26 anos, assassinada pelo algoz no dia 23 do mês passado. O Jornal de Brasília noticiou em primeira mão a tipologia do crime.
O homicídio cometido por Marinésio é quintuplamente qualificado, isto é, além de feminicídio, outras quatro características agravam a infração. São elas motivo torpe, pelo fato de Letícia não aceitar a relação sexual com o homem; meio cruel, pela asfixia pelas mãos que levou à luxação do osso hioide; dissimulação, por fingir ser “loteiro” e oferecer transporte com outras intenções; e a tentativa de assegurar a impunidade do crime ao assassiná-la.
Ele ainda recebeu denúncias por outros quatro crimes: ocultação de cadáver, por esconder o corpo de Letícia dentro de uma manilha em uma região conhecida como Eucalipto, na rodovia DF 250; tentativa de estupro, por forçar uma relação não consentida pela vítima; e furto, por tomar os pertences que a mulher carregava na ocasião, como o fichário de estudos e o relógio que estava usando como acessório. Pelas barbáries e agravantes, Marinésio pode pegar 43 anos de prisão.
De acordo com o promotor de Justiça do Tribunal do Júri de Planaltina, Otávio Binato Júnior, responsável pela denúncia, Marinésio demonstrava, por histórico, menosprezo por mulheres. “Várias vítimas relataram que nos ataques ele as chama de lixo, de uma série de nomes depreciativos. Isso mostra um histórico de desprezo pela condição de sexo feminino. Em virtude disso e da própria circunstância do fato de tentar, inicialmente, estuprar Letícia, o MPDFT entendeu que claramente este é um caso de feminicídio”, constatou.
O MPDFT também emitiu pedido de prisão preventiva de Marinesio pela garantia da ordem pública. “Entendemos que se trata de um indivíduo de altíssima periculosidade. Talvez provavelmente possamos até falar em um serial killer, mas pelas denúncias apenas não podemos traçar um perfil psicológico de Marinésio […]. Um cidadão que mantenha esse tipo de conduta na sociedade não tem a menor condição de ficar solto”, afirmou Binato.
Terceira vítima
Além da confissão dos crimes contra a advogada Letícia Curado, 26, e a auxiliar de cozinha Genir Pereira de Sousa, 37, há outra vítima confirmada da ação do homem. A.M denunciou Marinésio no mesmo dia da descoberta do corpo da advogada. A vítima foi à 31ª Delegacia de Polícia e relatou a tentativa de aliciamento do homem. Segundo a perícia do carro, as digitais encontradas no veículo correspondiam com as da denunciante.
Com a mesma abordagem, ele ofereceu carona a A.M e a irmã e afirmou que era “loteiro”. As duas então entraram no carro e o homem começou a aliciar a vítima, que sentou no banco da frente.
Jornal de Brasília