Um dado divulgado nesta semana pela Delegacia da Mulher de Uberlândia revelou que, em 2019, já foram instaurados 683 inquéritos por situações de violência registrada contra as mulheres. Em todos os casos, o autor já tinha algum tipo de relação com a vítima.
Segundo a Polícia Civil, a quantidade de mulheres que procuraram a unidade para buscar alguma ajuda aumentou 35% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 1.454 atendimentos diante de 1.075.
Na mesma base de comparação, o número de medidas protetivas também cresceu. Foram 263 aplicações legais na primeira metade deste ano e 208 registradas no primeiro semestre de 2018.
Dados do Diagnóstico de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais mostram que o registro quantitativo de mulheres vítimas aumenta a cada ano em Uberlândia.
Em 2016, foram 5.503 casos, em 2017 o número chegou em 5.832, e em 2018 fechou em 5.993. Os dados parciais de 2019 ainda não foram divulgados.
Por outro lado, na comparação entre as regiões de Minas, Uberlândia foi classificada como abaixo da média nos registros. Na violência doméstica, por exemplo, as taxas no município, calculadas por 100 mil habitantes, ficaram em 5,24 em 2018. A média de Minas é 5,93 e de Belo Horizonte 7,24.
Risp
Apesar de ser responsável pela segunda maior cidade de Minas, a 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) de Uberlândia apresentou registros menores do que pelo menos dez outras Risps do estado, conforme o levantamento do diagnóstico da violência.
O maior número de vítimas é observado na Risp 1, que engloba a capital mineira e região metropolitana. A violência que prevalece em todo estado e na maioria das Risps é a violência física (43%), seguida da violência psicológica (39%).
Ferramentas de combate
Batizado de “Salve Maria”, um aplicativo idealizado pela Prefeitura de Uberlândia foi lançado neste ano para facilitar denúncias de violência contra a mulher. Com a ferramenta, qualquer pessoa pode denunciar abusos de forma rápida e precisa por meio de um canal direto com a Polícia Militar (PM).
Em entrevista recente ao G1, a delegada responsável pela Delegacia da Mulher em Uberlândia, Alessandra Rodrigues da Cunha, fez um apelo sobre a importância da denúncia e o registro das agressões, imprescindíveis, segundo ela, para combater esse tipo de crime.
“A conscientização é um fator social. O fator predominante seria a educação, ensinar que a sociedade tem a obrigação, sim, de meter a colher na violência doméstica, para que a autoridade saiba onde está havendo esse tipo de crime. Muitas vezes, familiares e vizinhos não denunciam por considerar que aquilo seja uma coisa que o casal tem que resolver, e isso acaba se tornando um futuro feminicídio”, completou.
Feminicídio no Brasil
Segundo o Fórum Brasileiro, foram registrados 1.206 feminicídios no Brasil em 2018 e 1.151 em 2017, um acréscimo de 4%. Conforme o levantamento, 88% das mortes foram provocadas por ex-companheiros e 65% delas ocorreram dentro de casa.
Lei
A lei do feminicídio foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 9 de março de 2015, tornando a morte violenta de mulheres por razões de gênero como crime hediondo. O termo feminicídio significa crime de homicídio contra a mulher, pelo menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou por razões de violência doméstica.
Por Rodrigo Scapolatempore
G1 Triângulo e Alto Paranaíba