No sábado (13), o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) promoveram a quarta edição da campanha “De olho nos Olhinhos”, dedicada à conscientização sobre o retinoblastoma, um tipo raro de câncer ocular que atinge principalmente crianças até 5 anos de idade.
Médicos(as), enfermeiros(as), estudantes e voluntários(as) montaram uma estrutura de educação em saúde e atividades lúdicas no Shopping Conjunto Nacional, visando informar a população sobre os sinais clínicos da doença e a importância do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento. “O retinoblastoma é uma doença grave, mas tratável, especialmente quando identificado nos estágios iniciais. Nosso objetivo com essa campanha é alcançar o maior número possível de famílias, desmistificar a doença e incentivar o acompanhamento oftalmológico regular na infância”, afirma a oncohematologista pediátrica do HCB, Estefânia Biojone.
Apesar de ser um tipo de câncer raro, por ano, são registrados cerca de 400 novos casos no país. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o retinoblastoma é o tumor ocular maligno mais comum na infância. Justamente por sua raridade e rápida evolução, muitas vezes o diagnóstico ocorre de forma tardia.
O Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma é celebrado no dia 18 de setembro, e, neste sentido, a recomendação dos especialistas do HCB é que os pais levem seus filhos a consultas oftalmológicas desde os primeiros meses de vida e fiquem atentos a qualquer alteração visual ou comportamental relacionada à visão.
De acordo com Biojone, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, maiores são as chances de preservar a visão e salvar a vida da criança. O tumor, que se forma na retina, pode evoluir rapidamente e, em casos avançados, comprometer o globo ocular e demais estruturas da face.
Entre os sinais de alerta mais comuns, destacam-se:
Leucocoria: reflexo branco na pupila, geralmente perceptível em fotos com flash, popularmente conhecido como “olho de gato”;
Estrabismo: desalinhamento do globo ocular;
Lacrimejamento: constante e irritação ocular;
Proptose ocular: olho saltado, em estágios mais avançados.
Informação e educação em saúde possibilita o diagnóstico precoce
A iniciativa atraiu famílias como a de Thais Aureliano, 29 anos, moradora de Valparaíso de Goiás (GO), que levou o filho Matheus, de 3 anos, após perceber alterações nos olhos do menino. Ela, que também é mãe de Pedro, de 5 anos, relatou que nenhum de seus filhos passou por atendimento com oftalmologista e tem notado alterações importantes nos olhos do seu filho caçula.
“A gente tá aqui atrás da primeira consulta, porque o olho do Matheus é bastante irritado, lacrimeja muito. Todos os dias ele acorda com o olho bem sujinho. Ontem tiramos uma foto com flash e apareceu uma manchinha branca. Aí eu mostrei para a médica a foto, ela pegou os nossos dados e vai encaminhar para a primeira consulta lá no HCB”, contou.
Durante a orientação médica e as conversas com a população, os casos que a equipe do HCB identificou com alguma alteração ou um sinal suspeito nos olhos das crianças foram direcionados para uma análise mais aprofundada. Karina Souza, supervisora de Enfermagem da Oncohematologia do HCB, explica que qualquer suspeita de câncer infantil no Distrito Federal é considerada como “vaga zero”, ou seja, a criança não tem de enfrentar fila para iniciar o tratamento.
Dessa maneira, esses pacientes são rapidamente atendidos pelos especialistas da unidade, em um processo que otimiza o diagnóstico precoce, prolongamento da sobrevida e possibilidade de cura. O público ainda contou com uma programação cultural e recreativa, com música ao vivo, conduzida pelo grupo Sinfonia da Saúde, palhaçaria com os voluntários do coletivo Doutores com Riso, pintura facial e distribuição de livros de colorir, tornando o ambiente mais acolhedor para as crianças.
Campanha nacional amplia alcance e informação
A ação integra a campanha nacional “De Olho nos Olhinhos”, idealizada pelo jornalista Tiago Leifert e pela escritora Daiana Garbin, após o diagnóstico da filha do casal. O movimento ganhou projeção nacional e passou a integrar ações em várias capitais brasileiras, com apoio de instituições de saúde, universidades e organizações da sociedade civil.
“Uma simples foto com flash pode ser o primeiro passo para detectar um caso de retinoblastoma. É por isso que informação salva vidas. Se diagnosticado precocemente, esse câncer tem índice de cura superior a 90% e pode permitir que a criança mantenha a visão”, reforça a médica Estefânia Biojone.
Fonte: Agência Brasília