Antônio Cassimiro trabalha como guardador e lavador de veículos no Setor Comercial Sul desde 1976. Diverte-se ao dizer que já vigiou carros de quatro gerações. Mas foi só nos últimos anos que ele viu a profissão — que boa parte da família seguiu — receber o devido reconhecimento. Ele é um dos 714 trabalhadores que foram cadastrados e receberam um curso de qualificação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda do Distrito Federal (Sedet).
“Depois que nós começamos a fazer esse curso, sempre usando esses coletes, com crachá, as pessoas olham com mais carinho para a gente, não olham mais como um serviço de marginais”, conta. “Isso aqui é uma fonte de renda. Muita gente fala que não é um serviço que não tem dignidade, mas, para mim, valeu muito, porque o que eu sou hoje em dia, o que eu já ajudei a criar meus irmãos, meus filhos e agora estou criando meus netos, foi desse lugar aqui”, acrescenta.
O programa da Sedet foi lançado em 2021, com base na Lei Distrital 6.668, que autorizou o Executivo a cadastrar os profissionais da categoria. As inscrições estão sempre abertas. O trabalhador que deseja participar deve apenas procurar a sede da pasta, no Bloco A da 511 Norte (Plano Piloto), ou qualquer uma das 14 agências do trabalhador espalhadas pelo Distrito Federal.
No curso de capacitação, os trabalhadores recebem treinamento de boas maneiras e de atendimento ao público, incentivo a práticas sustentáveis para o desempenho de suas atividades e orientação sobre formalização e acesso a linhas de crédito. Além disso, cada profissional recebe crachá, colete de identificação e um kit contendo itens essenciais para o trabalho, como flanelas, borrifadores, escovas e produtos de limpeza biodegradáveis.
Sobrinho de Antônio, Ederson da Silva, o Dinho, também trabalha no Setor Comercial Sul há 18 anos. Ele seguiu os passos do tio e do pai, Valdivino da Silva, que presidiu o sindicato da categoria até sua morte, em fevereiro deste ano. Hoje, Dinho comemora a atenção que os guardadores e lavadores recebem. “É um alívio. O que passaram meu pai e meus tios, que eram taxados de ladrão, marginal… Agora, por meio desses coletes, dessa legalização, eles passam e respeitam a gente”, define. “A experiência foi boa, porque, depois do curso, depois dos coletes, nós temos mais visibilidade pela sociedade. E no curso nós aprendemos muita coisa também: como abordar as pessoas, como conversar com as pessoas, como lidar com as pessoas. É muito bom”.
Segurança
O secretário ainda destaca a segurança que o cadastro dá aos clientes que contratam os serviços. “Na identificação, ele tem que entregar todas as certidões negativas, inclusive as criminais”, aponta. “[Você vai] saber que é uma pessoa identificada, rastreada. É importante, porque você entrega um patrimônio privado, que é a chave do seu carro, a esses lavadores”.
É essa a sensação que tem o administrador Luciano da Silva ao confiar seu veículo aos trabalhadores do Setor Comercial Sul. “A chave do meu carro eu deixo ali e nunca tive problemas. Nesse sentido, [o cadastro] ajuda bastante”, avalia. “O pessoal aqui nos dá a assistência necessária. Eles organizam o estacionamento. Sem eles, a situação fica pior”.
*Com informações da Agência Brasília