A campanha do Setembro Amarelo, que acontece ao longo desse mês, coloca em evidência a importância de se cuidar da saúde mental de forma geral, inclusive durante a jornada da fertilidade – que, para os casais que enfrentam dificuldades para conceber, exige muita resiliência e equilíbrio.
Os avanços da medicina reprodutiva abriram novas possibilidades para que muitas mulheres e casais realizem o desejo de ter filhos. Contudo, tratamentos como a fertilização in vitro (FIV) podem trazer consigo não apenas desafios físicos, mas também emocionais. A ansiedade diante dos resultados, a frustração diante de tentativas sem sucesso e até sentimentos de culpa são experiências relatadas com frequência por quem atravessa esse processo.
Para o ginecologista e especialista em reprodução humanaDr. Vamberto Maia Filho, é fundamental compreender que a jornada da fertilidade envolve corpo e mente. “As pacientes enfrentam uma verdadeira montanha-russa emocional. A expectativa em cada etapa, do diagnóstico ao teste de gravidez, é marcada por tensão e insegurança, o que exige acompanhamento atento e sensível”, afirma.
Em um mês voltado à conscientização sobre saúde mental, como o Setembro Amarelo, ganha relevância o olhar para esse cenário específico. Estudos da FAPESP indicam que cerca de 40% das pacientes em tratamento para infertilidade apresentam sintomas de depressão, ansiedade ou ambos, frequentemente agravados pela quebra de expectativas em relação à maternidade e pela sensação de falta de controle sobre o próprio corpo.
Para o especialista, é importante que a paciente entenda o passo a passo do tratamento para que as expectativas sejam realistas. “É papel do médico e de toda a equipe que está nesse processo oferecer informar tudo com a maior riqueza de detalhes para que a paciente não crie expectativas que não condizem com a realidade”, explica.
A importância da rede de apoio
O apoio de pessoas próximas, como familiares e parceiros, desempenha um papel crucial na jornada emocional e prática da mulher, seja em momentos de desafios ou em fases importantes da vida – como gravidez, carreira ou questões de saúde mental.
“Quando parceiros e familiares agem como aliados, o impacto positivo é profundo. Eles não apenas ajudam a reduzir o estresse, mas também fortalecem o bem-estar emocional e físico da mulher. Um suporte respeitoso promove relações mais saudáveis e uma base sólida para que ela enfrente qualquer desafio com mais segurança e força”, complementa.
Tratamento multidisciplinar
Para minimizar os impactos emocionais, o suporte psicológico é indispensável. Sessões de terapia podem ajudar a mulher a lidar com as incertezas do processo, fortalecer sua autoestima e construir estratégias para enfrentar os desafios.
“Ter acompanhamento médico próximo, suporte psicológico e informação clara sobre cada etapa do tratamento é essencial para enfrentar esse momento. Contar com um espaço seguro para expressar seus sentimentos sem julgamentos é crucial para que a paciente se sinta acolhida e compreendida”, finaliza o Dr. Vamberto.