Maria de Fátima do Nascimento, 47 anos, estava ansiosa ao se preparar para usar uma prótese mamária pela primeira vez. Após passar por uma cirurgia de remoção da mama em março deste ano, ela aguardava nervosamente pela avaliação no Núcleo de Atendimento Ambulatorial de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (Naopme), ligado à Secretaria de Saúde (SES-DF).
Seu tratamento para o câncer de mama foi integralmente realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), exigindo múltiplas idas ao hospital. Maria recorda-se vividamente de sua difícil jornada: ficou entubada por seis dias consecutivos e passou outros dez na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base. “Foi uma experiência devastadora. Lembro-me de implorar aos médicos que não me deixassem morrer, pois tenho um filho. Mas reconheço que recebi um acolhimento excepcional”, relata.
Após a cirurgia, ela utilizou um suporte fornecido pelo Hospital do Câncer. Contudo, ao sentir dores nas costas, a fisioterapeuta recomendou o uso da prótese até que ela pudesse realizar a reconstrução mamária. Encaminhada ao Naopme, em poucos dias, já estava utilizando o novo dispositivo. “Foi muito bom e se ajustou perfeitamente. Estou me sentindo muito melhor”, declara.
Meses após a retirada da mama em decorrência de câncer, Maria de Fátima do Nascimento, de 47 anos, recebeu a prótese mamária externa. “Deu certinho. Estou me sentindo bem melhor.” Foto: ReproduçãoO Naopme registrou a entrega de 177 próteses mamárias até novembro deste ano, representando um aumento de 19,6% em relação ao ano anterior. Em 2022, foram distribuídas 148, e em 2021, 153.
Esses dispositivos desempenham um papel crucial no bem-estar psicológico e emocional das pacientes, ajudando-as a lidar com a perda da autoimagem após a remoção da mama. “Observamos que as mulheres recuperam sua sensação de feminilidade, já que é uma parte importante que foi perdida. Ao usarem as próteses, sentem-se como se estivessem com suas mamas originais e conseguem retomar suas atividades normalmente”, explica Monique Nascimento de Oliveira, chefe do Naopme.
Tecnicamente, as próteses ajudam a compensar o volume retirado da mama, evitando desequilíbrios posturais. Por isso, as avaliações são conduzidas por fisioterapeutas, que oferecem orientações sobre o uso correto e menos prejudicial à saúde.
Para adquirir esses dispositivos ambulatoriais, que fazem parte do Programa de Órteses e Próteses da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, os cidadãos devem comparecer ao Naopme, localizado na Estação do Metrô da 114 Sul, apresentando documentos como identidade, CPF, cartão nacional do SUS, comprovante de residência e laudo médico ou solicitação de um profissional de saúde.
No caso das próteses mamárias, o encaminhamento é feito por vários serviços de saúde, desde hospitais até Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Ao chegar ao Naopme, o paciente realiza o cadastro e agendamento para avaliação. “No mesmo dia, a paciente experimenta a prótese com o sutiã e recebe as orientações necessárias. O dispositivo é entregue imediatamente e, anualmente, elas podem voltar para obter uma nova”, explica Monique Nascimento de Oliveira.
Zélia dos Santos Costa, 72 anos, está recebendo próteses mamárias do núcleo há quatro anos, encaminhada por sua mastologista. “Inicialmente, achei desconfortável usá-las, mas a fisioterapeuta me orientou sobre o uso correto. Agora acredito que vou me adaptar melhor”, compartilha.
A prótese mamária externa pode ser retirada pela paciente anualmente, como faz Zélia dos Santos Costa, de 72 anos, que há quatro anos recebe o dispositivo na rede pública do DF. Foto: ReproduçãoFonte: Secretária de Saúde do Distrito Federal