Nove horas por dia. Esse é o tempo médio que os brasileiros passam em frente a telas ― número que acende um alerta para a saúde ocular, principalmente entre crianças e adolescentes. O uso excessivo de smartphones, computadores e outros dispositivos já é reconhecido por especialistas como fator de risco para o aumento da miopia, fadiga ocular digital e outros distúrbios visuais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, metade da população mundial poderá ser míope. Entre as principais causas, estão o tempo reduzido em ambientes abertos e a maior exposição a atividades muito próximas— realidade cada vez mais comum nas rotinas digitais.
Segundo Celso Cunha (CRM-MT 2934), médico oftalmologista e consultor da HOYA Vision Care — multinacional japonesa referência global em soluções ópticas de alta tecnologia —, os sintomas visuais têm surgido cada vez mais cedo. “Nos últimos anos, houve um crescimento expressivo nos casos de miopia e fadiga ocular digital entre adolescentes e até mesmo em crianças. A pandemia acelerou esse cenário, e hoje é comum vermos sintomas antes restritos ao público adulto já na infância”, comenta.
Como proteger a visão no uso de telas
Entre os sinais mais frequentes relacionados ao uso contínuo de dispositivos estão olhos irritados e secos, visão embaçada, sensação de peso nos olhos, dor de cabeça constante e dificuldade para dormir. A chamada Síndrome da Visão do Computador, que reúne parte desses sintomas, já é uma queixa frequente nos consultórios oftalmológicos.
Para minimizar os impactos, especialistas recomendam a regra 20-20-20: a cada 20 minutos de uso de telas, olhar para um objeto a cerca de seis metros de distância por pelo menos 20 segundos. Outras práticas simples, como manter os aparelhos na altura dos olhos, distância maior que 50 cm, ajustar o brilho das telas e garantir iluminação adequada no ambiente, também ajudam a reduzir o desconforto visual.
No caso das crianças, os cuidados devem ser ainda mais rigorosos, pois, alterações neuropsíquicas são frequentemente associadas ao excesso de atividades em smartphones. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta que não haja exposição a telas para bebês de zero a dois anos. Após essa idade, o tempo deve ser limitado a, no máximo, duas horas por dia.
A OMS também alerta para outro fator de risco importante: a pouca exposição à luz natural. O aumento das atividades ao ar livre durante o dia, além de ajudar na miopia, ajuda na produção de vitamina D pela pele. A recomendação é que crianças e adolescentes passem de uma a duas horas por dia ao ar livre — medida que contribui para a saúde ocular e o bem-estar geral.