A advogada, religiosa e ativista brasileira Irmã Rosita Milesi, de 79 anos, foi homenageada pela Organização das Nações Unidas (ONU) por sua incansável atuação em prol de refugiados, migrantes e apátridas. Membro da Congregação das Irmãs Scalabrinianas, Rosita lidera o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), situado em Brasília. Há quase quatro décadas, ela dedica sua vida a defender a dignidade e os direitos de pessoas que foram forçadas a deixar seus países de origem, fornecendo-lhes abrigo, alimentação, assistência médica, treinamento em línguas, oportunidades de emprego e documentação legal.
Reconhecida com o Prêmio Nansen para Refugiados, uma das mais altas condecorações globais concedidas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Irmã Rosita será premiada em uma cerimônia que acontecerá na próxima segunda-feira, em Genebra, Suíça. A honraria celebra seu comprometimento humanitário, e outras quatro mulheres, que também se destacaram em suas regiões, serão agraciadas. Entre elas estão a ativista Maimuna Ba, de Burkina Faso, a empresária de origem síria Jin Davod, a refugiada sudanesa Nada Fadel e a ativista nepalesa Deepti Gurung. Além disso, a Moldávia recebeu uma menção especial por sua resposta à crise humanitária decorrente da guerra na Ucrânia.
Irmã Rosita é a segunda brasileira a receber esse prestigiado prêmio, o primeiro sendo concedido ao cardeal Paulo Evaristo Arns em 1985. O Prêmio Nansen, criado em 1954, homenageia indivíduos ou organizações que se destacam no apoio a refugiados e pessoas deslocadas, e já foi atribuído a figuras de renome, como Eleanor Roosevelt e a organização Médicos Sem Fronteiras.
Além de sua atuação no IMDH, Irmã Rosita coordena a RedeMIR, uma rede composta por 60 organizações no Brasil que atuam em regiões de fronteira e em outras áreas remotas para prestar assistência a imigrantes e refugiados. Seu trabalho teve um impacto profundo no cenário jurídico brasileiro, contribuindo para a formulação da Lei de Refugiados de 1997 e da Lei de Migração de 2017, garantindo direitos e proteção a essas populações vulneráveis.